Catarata congênita bilateral: O que é feito após o diagnóstico correto?
Após o diagnóstico, é indicada a cirurgia. Primeiro, um dos olhos é operado e, entre uma e duas semanas, é feita a cirurgia no outro olho. Em crianças abaixo de três anos de idade não utilizamos LIO (lente intra-ocular). Preferimos a correção com óculos ou, se o paciente tem condições financeiras, indicamos lentes de contato. Se esta última for a opção, a adaptação pode ser feita assim que diminuir o processo inflamatório pós-cirúrgico, normalmente após uma semana.
Depois de corrigir a refração com óculos ou lentes de contato, solicitamos Olhar Preferencial e Função Visual, e com base nestes exames iniciamos o esquema de estimulação visual precoce. A criança é acompanhada com exames de três em três meses para que seja avaliado o progresso visual e observado se está desenvolvendo estrabismo. Também existe preocupação quanto ao desenvolvimento de glaucoma pós-cirurgia de catarata congênita.
Normalmente a criança tem um pouco mais de três meses quando a correção é indicada e, a princípio, os pais ficam muito apreensivos quanto ao uso tão precoce de óculos ou lentes de contato. Mas quando os pais observam seu filho atento ao ambiente e com a expressão de quem está enxergando, tudo muda.
A visão pode desenvolver-se relativamente bem após a remoção do cristalino opacificado e a correção do grau (refração). Mas a família deve ficar atenta aos retornos de controle. Nessas visitas o oftalmologista vai observar mudanças. Às vezes a mudança é só de refração, outras vezes pode-se notar a formação de neomembrana, ou outras opacidades que, devidamente corrigidas, não interferem no resultado visual. O controle da pressão intra-ocular deve ser observado, como já salientamos acima. É indispensável, a cada três ou seis meses, agendar a medida de pressão, sob sedação, no hospital (o oftalmologista avaliará o critério de cada caso).
O controle de um bebê no pós-operatório de catarata é trabalhoso, exige dedicação da equipe médica, dos terapeutas e, principalmente, da família. Mas vale a pena, depois de todo o tratamento, ver que a criança cresceu e é um estudante como os outros.