12/11/2008 - A prevenção da ambliopia foi o tema abordado por mim em palestra ministrada no Congresso de Prevenção de Cegueira e Reabilitação Visual, realizado em setembro. O tema leva a uma reflexão a respeito de ações possíveis na oftalmologia pediátrica.
Desde o início da minha carreira como oftalmopediatra, observo mudanças de opinião a respeito, por exemplo, da melhor idade para o primeiro exame oftalmológico. No início dos anos 90, defendia-se que o primeiro exame deveria ser feito quando a criança tivesse entre um e dois anos de idade. Atualmente, com o teste do reflexo vermelho, crianças com menos de um mês de vida são encaminhadas ao consultório.
Assim, os problemas visuais são detectados bem precocemente. O oftalmologista observa todo o crescimento e desenvolvimento visual da criança prescrevendo os erros de refração (grau) na época de seu surgimento. Com esse procedimento, a ambliopia, em alguns casos, nem tem tempo de se instalar.
Em casos de catarata congênita e glaucoma congênito, e em outros como ptose, o oftalmologista corrige as aberrações refracionais e inicia o tratamento com tampão e EV (estimulação visual) minimizando a ambliopia e a baixa visão.
O controle dos prematuros com screening previne as ambliopias que ocorrem por erro de refração ou estrabismo. Campanhas organizadas pelo CBO e realizadas pelo Hospital de Olhos SAG, tais como Veja Bem Brasil e Olho no Olho,entre outras, alertam a sociedade para o cuidado necessário com a visão da criança. Treinamentos dos professores de escolas básicas e creches também contribuem para minimizar e prevenir a ambliopia. Além disso, cada vez mais a população tem acesso às informações pela internet, o que muitas vezes alerta os pais sobre os possíveis problemas visuais de seus filhos, de forma que possam procurar mais cedo por ajuda profissional.
Na palestra sobre a prevenção da ambliopia, abordei ainda como é nosso procedimento no Hospital de Olhos SAG, onde prescrevemos a correção óptica e uso de óculos por 30 dias. E somente após esse período entramos com o tampão caso a visão (apenas com uso do óculos) não tenha melhorado totalmente. Nos pacientes com menos de sete anos de idade, acompanhados entre agosto de 2007 a agosto de 2008, observamos que 12% melhoraram a visão para 20/20 apenas com o uso dos óculos. O Doutor Wallace (comentando resultados do Pediatric Eye Disease Investigative Group – PEDIG) refere 27% de melhora com este mesmo procedimento em recente publicação da literatura internacional (Ophthalmology Times, janeiro/fevereiro, 2008 – vol 12 no 1). Em nossos serviços, porém, computamos apenas os pacientes que tiveram 100% de melhora (20/20 em ambos os olhos). Isso deve explicar a diferença entre os resultados encontrados por nossa equipe e do PEDIG referido pelo Dr. Wallace, que estuda o comportamento da ambliopia nos Estados Unidos.
Tanto no Brasil quanto em países como os Estados Unidos, o tampão ainda é a melhor opção para tratar a ambliopia.